Navegando em um mercado não regulado (M&A)


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Por Daniel Rivera
Sócio Fundador da Elit Capital

 

Navegar em mercados não regulados pode ser particularmente desafiador para marinheiros de primeira viagem.

O que não sabemos pode comprometer seriamente nossas iniciativas. Especialmente em projetos complexos, que demandam um alto nível de capacitação, profissionalismo e engajamento, não é recomendável navegar sozinho, como muitas vezes os empresários Brasileiros estão acostumados em seu dia-a-dia no exercício da solitária função de decisor estratégico. Os mais experientes, porém, reconhecem a importância e cercam-se de bons conselheiros em áreas de conhecimento complementar.

No oceano das transações corporativas, fusões e aquisições (no inglês, Mergers and Acquisitions – M&A), nos deparamos com os mais variados tipos de profissionais, e amadores, muitas vezes dispostos a realizar qualquer negócio, a despeito do interesse legítimo do suposto cliente. E utilizo o termo “suposto cliente” para destacar uma questão importante que pretendo tratar aqui, um tema sensível para o empresário, que é o alinhamento de interesses entre o cliente e seu assessor de M&A.

O mercado financeiro tem uma frase muito conhecida e que representa bem meu ponto, There is no free lunch, traduzindo: Não há almoço grátis. Acreditar que alguém trabalhará de graça para você é umas das piores decisões em M&A. Na grande maioria dos casos, a pessoa que se propõe a trabalhar com base apenas no sucesso, corretor, não tem sequer ideia da complexidade de um processo desta relevância, nem o mínimo de conhecimento para realizar o trabalho necessário para se alcançar o sucesso da transação, e mesmo que soubesse, sem ser pago não despenderia o esforço para desenvolver o trabalho nem teria o engajamento e perseverança necessária para concluir o processo, que tem maturação longa.

Ao contrário do senso comum, assessoria em fusões e aquisições não se resume a identificar um comprador ou investidor. Como não há alinhamento de interesses entre cliente e corretor, o empresário pode ter uma pessoa atuando contra seus interesses, subavaliando propositalmente a empresa, muitas vezes se apoiando apenas em múltiplos de EBITDA ou faturamento, sem qualquer fundamento de comparação no mercado, simplesmente para reduzir o valor e convencer o empresário a concluir o negócio. Se algum corretor te disser que tem um cliente/investidor querendo adquirir sua empresa, e que não te cobrará honorários mas que quem pagará a comissão dele é você, corra!

No Brasil o mercado de transações corporativas não é regulado, e por isso conhecemos muitas histórias de empreendedores prejudicados por pessoas sem qualquer preparo ou compromisso com seus clientes, empresários arrependidos por terem se envolvido com amadores. Mercados regulados oferecem maior segurança aos participantes, certificando que tenham um nível mínimo de desenvoltura nas competências necessárias à prestação do serviço. Estes mercados são estruturados para proteger seus participantes, em particular as empresas, contra práticas abusivas, fraudes e amadores inescrupulosos. Talvez você pondere que não precise de um regulador para te proteger, afinal já é crescido e vacinado, pois possivelmente como empresário já foi vítima de algum esperto antes, mas a verdade é que identificar pela primeira vez uma fraude ou profissionais anti-éticos em um mercado complexo e sofisticado como o de M&A pode ser mais difícil do que podemos imaginar.

Como referência de um mercado regulado podemos citar o caso dos EUA, altamente liberal em termos de liberdades individuais, e muito bem estruturado. Para atuar no mercado Americano de transações corporativas, fusões e aquisições, a empresa ou profissional precisa apresentar uma série de conhecimentos específicos e certificações para estar apto.

Qual o nível de seriedade esperado do profissional a ser contratado para liderar um dos projetos mais importantes da jornada do empreendedor? O engajamento do empresário e do assessor tem de ser mútuo, para garantir o alinhamento de interesse necessário ao sucesso da transação. Cercar-se de bons assessores representa um desafio adicional em se tratando de mercados não regulados. Como avaliar, sozinho e sem experiência, um profissional supostamente especializado se não temos parâmetros de mercado definindo as boas práticas e competências necessárias para uma boa prestação do serviço?

O assessor de M&A tem um dever fiduciário, deve estar comprometido com seu cliente, engajado em utilizar seu conhecimento especializado e experiência para defender os interesses do empresário e realizar a melhor transação possível para seu cliente. Realizar uma operação relevante em M&A requer uma preparação especial da empresa, saber valorizar o negócio do cliente e promover o projeto junto a interessados cuidadosamente selecionados. O trabalho do assessor de M&A consiste na prestação de serviços que compreendem uma ampla gama de competências e ferramentas específicas. Exige sólida formação, certificações, experiência, credenciais, seriedade e credibilidade junto ao mercado.

Um erro no processo de fusões e aquisições pode custar milhões, literalmente. Um assessor de M&A alinhado aos seus interesses é um trunfo valioso na longa caminhada que é uma transação corporativa. Escolha com sabedoria.

Valuation – Resolvendo as diferenças


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Daniel Rivera Alves
Sócio Fundador da Elit Capital

 

 

Em uma transação corporativa a discussão sobre o preço é uma das mais desafiadoras, principalmente devido à incerteza inerente às projeções para o negócio.

Muitas transações deixam de ser concretizadas por discordância de preço. Com a intenção de maximizar seus retornos, comprador e vendedor muitas vezes restringem a discussão a este ponto, reduzindo assim as chances de realizar um negócio que beneficiará a ambos. Se o comprador acredita que seu retorno está principalmente nesta discussão, provavelmente ainda não desenvolveu uma visão clara sobre as potenciais sinergias que podem ser capturadas com o deal.

Definir o valor de uma empresa se dá em função das expectativas que se tem para seus produtos e respectivo mercado de atuação. A visão pode diferir significativamente entre as partes, e identificar formas de fundamentar adequadamente a avaliação pode ajudar a reduzir as diferenças.

Quando a incerteza é muito grande, podemos utilizar mecanismos para aproximar as partes, sem se limitar à definição do preço no momento da transação. Considerar compensações além desta questão pode inclusive elevar o valor total de venda, enquanto reduz o risco para o comprador, principalmente se o valor da empresa efetivamente evoluir ao longo do tempo.

Uma modelagem financeira bem fundamentada, em especial utilizando-se softwares de análise preditiva ou mesmo prescritiva, pode ser o primeiro passo em direção a uma discussão mais embasada sobre as probabilidades de resultado que se pode esperar para o negócio.

Outra pratica comum para convergência é o mecanismo de earnout, utilizado para compensação adicional do vendedor, mediante atingimento de desempenho futuro. Geralmente atrelado a métricas de crescimento e geração operacional de caixa, o earnout oferece uma solução de alinhamento de interesses em situações onde há diferença significativa de expectativas.

Uma opção que pode ser estudada é a venda majoritária, mantendo-se o vendedor como conselheiro. A estrutura pode ser conveniente quando a perspectiva para a empresa é favorável. Com uma participação reduzida, digamos entre 10% e 30%, por exemplo, o vendedor pode viabilizar a transação, reduzindo o investimento inicial requerido do comprador, e ainda se beneficiar de resultado positivo futuro. O comprador poderá contar com a experiência do vendedor como conselheiro, com interesses alinhados e incentivo para buscar a visão proposta.

Existe uma prática, comum em alguns países, que consiste na concessão de empréstimo direto do comprador ao vendedor, que fica portanto obrigado a pagar principal mais juros ao vendedor durante um determinado período. Esta opção oferece uma solução flexível, negociada diretamente entre as partes, sem necessidade de envolvimento de instituições financeiras. Uma vantagem desta estrutura é a redução do desembolso inicial para o comprador, tornando a transação mais acessível, e garantindo estabilidade de fluxo de caixa para o vendedor, inclusive com potencial de elevar o valor final de venda.

Negociações de transações corporativas são complexas e envolvem muitas variáveis sensíveis. São diversas etapas desafiadoras, como a definição da estratégia, screening, discussão de valuation, estrutura societária adequada e integração pós fusão. Processos de fusões e aquisições demandam conhecimento especializado em muitos campos de atuação e requerem o envolvimento de assessores financeiros, legais, auditores e outros, como fornecedores de tecnologia, além da anuência de instituições financeiras, CVM ou mesmo clientes relevantes.

O valor, em M&A, não está apenas no preço.

O Valor da Estratégia Inorgânica


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Quando pensamos em criar valor através da estratégia inorgânica de crescimento logo estimamos as sinergias que serão viabilizadas com a transação, mas o triunfo em transações corporativas inicia-se muito antes de sequer identificarmos a empresa alvo de aquisição.

Perspectiva e propósito da aquisição, e não simplesmente barganha de preço da compra, são os verdadeiros motivos que devem ser considerados em uma aquisição empresarial, a forma pela qual o valor pode ser alavancado.

É preciso definir claramente os objetivos e critérios de investimento da agenda inorgânica de crescimento. Uma estratégia de M&A sólida e sustentável implica em antecipar cenários, mapear riscos e tendências do negócio, compreender o cenário político e econômico, consciência da dinâmica dos mercados locais e globais, estar atento às mudanças em tecnologias relacionadas, mas sobretudo consiste em constituir opções estratégicas e precificá-las através das ferramentas adequadas a fim de elevar efetivamente a competitividade e o valor da empresa.

O ambiente altamente dinâmico de uma transação de M&A requer uma abordagem ágil, adaptativa às necessidades em constante evolução da empresa. Para ser bem sucedida neste ambiente a empresa terá de implementar uma gestão ativa da transação desde o início, constituindo uma equipe multidicilinar conforme a necessidade do projeto. Terá de escolher as ferramentas e softwares certos para o processo, a fim de ganhar tempo e reduzir custos relacionados à ineficiência e falta de transparência, otimizando a execução da estratégia.

Bons negócios em M&A geralmente envolvem um vendedor com a motivação adequada, oportunidades claras de melhoria na operação alvo, e possivelmente alavancagem financeira. A analise de transações desta natureza deve identificar ainda o momento mais propício com relação ao ciclo econômico, especialmente interessante após períodos mais desafiadores para o segmento em análise. Outro fator importante a ser considerado é o custo de capital praticado, de forma a permitir alavancar a operação.

A conclusão da aquisição é seguida pela integração das operações, a depender da estratégia, e geralmente envolve a consolidação dos ativos, sistemas, serviços, infraestrutura, e consiste em uma série de atividades complexas, comumente inter-relacionadas, que precisam ser devidamente planejadas e priorizadas antes mesmo de se concretizar a aquisição. Uma integração má conduzida reduz substancialmente o potencial de apropriação do valor da transação, portanto é fundamental envolver a equipe responsável pela integração desde as primeiras etapas do processo.

Utilizar as ferramentas corretas traz muita eficiência à transação. Um software especializado em gestão de projetos de M&A, com recursos adicionais de Data Room Virtual, por exemplo, permitirá à equipe acompanhar as atividades críticas, centralizar a comunicação e garantir acesso aos documentos sempre na versão mais atual, com agilidade e transparência. A plataforma permite planejar melhor a processo, torna a execução eficiente e possibilita que a integração se benificie de todo o histórico de documentos, mensagens e contribuições dos colaboradores envolvidos ao longo da projeto.

Outra etapa indispensável é o desenvolvimento do modelo econômico-financeiro, para que se tenha uma visão clara do valor gerado pela transação. Um software inovador que tem sido utilizado pela Elit Capital agrega métodos estocásticos e realiza projeções probabilísticas, fundamentando a avaliação da transação e permitindo a futura gestão consolidada do valor da empresa.

Com perspectiva favorável e juros baixos, a conjuntura atual parece previlegiar estratégias de crescimento inorgânico e o investimento empresarial. Para aproveitar as opções disponíveis é fundamental se preparar e estar bem assessorado, pois o mercado é eficiênte e os concorrentes não costumam deixar escapar bons negócios.

 

Daniel Rivera Alves
Sócio Fundador da Elit Capital

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